Josef Staline deixou o Mundo com 50 000 000 de mortos na consciência (?). Hitler foi mais modesto, se não o lermos como uma pederástica comadre de Estaline. A Santa Inquisição ficou por 2 000 000 de corpos; a Peste Negra ceifou 25 000 000 de vidas. Pol Pot assassinou 2 000 000 de pessoas. Mao Tse Tung, grande inspirador de Durão Barroso, Presidente da Comissão Europeia, foi mais audaz, e limpou 70 000 000 dos seus conterrâneos. Os 800 000 mortos de Bagosora são uma bagatela, e o próprio Milosevic só conseguiu extripar 200 000, enquanto a PIDE ficou por umas dezenas de milhar. Bush filho só conseguiu limpar 152, Leonor Beleza foi ainda mais modesta, com o sentenciar dos seus 32 hemofílicos, e Jack, o Estripador, bateu todos em fama, mas com apenas 5, comprovados.
Comparativamente, o papel do cidadão polaco, Karol Wojtyla foi um misto de extensão, com intenção, já que, entre o início do seu pontificado e 2009, tinha provocado 25 000 000 de mortos, muitos dos quais já depois de ter entregue a alma ao Demo. Antes de uma estatística afinada, poderemos afirmar que, até 2005, ano em que a Besta nos abandonou, já tinham morrido cerca de 20 000 000 de seres humanos, com a promessa de que os tempos os permitiriam replicar.
Eu sei que a soma de todos os mortos, atrás enunciados, pode parecer enorme, mas tem uma pequena diferença: estas chacinas nunca foram premiadas, exceto em dois casos, o de Leonor Beleza, que se refugiou na Presidência de uma Fundação, e na do mineiro Wojtyla, que foi o único que chegou a... Santo.
Não há memória, na História da Igreja, longa de crimes e abusos, do nome de um qualquer Papa que tenha ficado associado a tão grande genocídio. Perverso, mesmo depois da morte, a herança que deixa é a de a mancha se poder continuar a perpetuar, alastrando e disseminando, para que o nome do seu padrinho jamais se apague da face da Terra. Faz bem: como diz o outro, porque mais vale ter mau hálito do que hálito nenhum.
A memória que o cidadão livre guardará deste ser é a do exemplo de como se não deve viver, e como se não deve morrer. Tudo, nele, foi contrário ao ensinamento lapidar do Cristo: "vive, e deixa viver". Desrespeitoso para com as mulheres, procurou apagar a memória da sua vida sexual, anterior à celebridade, e recusou qualquer forma de afetividade que não fosse a mais conservadora, excetuada a pedofilia. Ensinou que a Fé é demasiado elevada, para multidões que se contentam com a crendice, e transformou a Santa Madre Igreja Católica Apostólica e Romana num enorme empório de venda e revenda de indulgências.
Ao reintegrar a Miséria, mas uma miséria medieval, como um dos lugares possíveis do longo caminho de penitência do Ser Humano, igualmente validou a Riqueza, como um dos espaços de impunidade da desgraça do Homem.
No final do seu pontificado, cada ser humano estava consideravelmente mais empobrecido e tinha-se tornado num polícia fundamentalista de si próprio e do Outro.
Incapaz de perceber a renovação dos tempos, deixou que o sua dignidade apodrecesse com o seu corpo, arrastando o Papado para uma crise só comparável à da pré Reforma e dos Grandes Cismas medievais.
Se João XXIII colocou Deus e a Igreja ao serviço da felicidade do Homem, e Paulo VI travou a felicidade do Homem para a colocar ao serviço dos dogmas da Igreja, João Paulo II foi mais longe, e colocou "Deus", a Igreja e o Homem ao serviço das trevas de uns poucos.
Nada devemos a João Paulo II, exceto o exemplo daquilo de que nos devemos desviar: autoritário, omnipresente, esmagou o Mundo inteiro com a sua obsessiva presença. Permanentemente coligado com o pior da oligarquia dos humanos, não há, na sua biografia, um único momento de humildade, e apenas um, de remorso, o de ter percebido que deveria perdoar ao homem que tentara livrar a Humanidade do flagelo da sua presença.
A Igreja perdeu um quarto de século com a sua persistência no Trono de Pedro, o que equivaleu a mais de 100 anos de regressão de doutrina. Pior do que ele, só a sombra que o construiu e sustentou, Ratzinger, cuja vaidade de anticristo permitiu uma subversão nunca ousada em 2000 anos de Cristianismo: agarrar na carcaça podre do seu antecessor, para a beatificar, ainda em tempo útil, assim mostrando que as coisas divinas já nada tinham a ver com o domínio da Fé, mas tão só da impertinência de certos homens sombrios, entregues à deriva da decadência do Ocidente, no início do séc. XXI.
Esta manhã, Lúcifer foi acordado mais cedo: tinha à porta uma delegação da última Monarquia Absoluta do Mundo, a Cidade do Vaticano. Queriam levar, do Último Círculo, o Gelado, a Alma de Wojtyla, para ser exposta à Necrofilia, à Idolatria e à Vaidade do Mundo, no esplendor da Basílica de Pedro, o Pescador. Certo de que Cristo não estaria presente, o Senhor das Trevas terá acedido, com a condição de que o penitente lhe fosse devolvido ao fim da noite, para continuar a sua pena eterna, que, como se sabe, é muito longa, sobretudo, na sua extensão final.
À hora a que escrevo este texto, Wojtyla já deverá ter regressada à sua lúgubre e profunda morada. Que lhe seja infinita.
(Quinteto dos muitos milhões de mortos, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Uma Aventura Sinistra", no "Klandestino", e em "The Braganza Mothers")
Sem comentários:
Enviar um comentário