sábado, maio 14, 2011

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Professores. Rede do Ministério congestionada bloqueia concurso


por Kátia Catulo, Ionline ( 13 de Maio de 2011)
 
Há escolas a usar a net pessoal, temendo não conseguir cumprir os prazos do concurso para professores

Às 17.55 de ontem, a chefe da secretaria do agrupamento de escolas Ibn Mucana, em Alcabideche (Cascais), agarrou na mala e foi para casa irritada. Durante os últimos três dias tentou aceder à rede de internet do Ministério da Educação. Das vezes que conseguiu, a ligação durou alguns minutos e voltou a cair. Insistiu, pensado que a anomalia fosse passageira, mas enganou-se, porque o seu desespero se estende pelos estabelecimentos de ensino de todo o país. As direcções não conseguem entrar na plataforma da Direcção Geral dos Recursos Humanos da Educação (DGRHE) para validar as candidaturas dos 55 mil contratados que concorrem ao concurso de professores, um passo obrigatório. O prazo termina segunda-feira e o processo está paralisado.

Não cumprir o calendário é um risco que os directores não querem correr. Daí que o presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) tenha solicitado ontem à tutela o prolongamento dos prazos. "Não vamos conseguir validar as candidaturas dos professores a tempo e a responsabilidade desse atraso não pode ser atribuído aos directores", avisa Adalmiro da Fonseca, alertando para o perigo de os professores ficarem excluídos do concurso que visa suprir as necessidades transitórias das escolas no próximo ano lectivo.

O pedido foi feito com urgência, a resposta ainda não chegou, mas segundo o esclarecimento prestado pelo ministério ao i, não há necessidade de alterar o calendário: "O prazo de validação de candidaturas por parte das escolas termina apenas no dia 16. Assim sendo, é extemporânea qualquer eventual alteração do prazo previsto para esse efeito." Fonte da tutela esclareceu ainda que congestionamento da rede informática do ministério se deve apenas ao "grande número de acessos", explicando que durante a fase de candidaturas, a plataforma da DGRHE registou mais de 280 mil acessos: "Não existe qualquer anomalia. Trata-se apenas de um pico de utilização da rede informática do ME."

Um "pico" que está a estrangular a rede interna, mas o problema deixa de existir se os funcionários optarem por usar as suas pen. No Agrupamento de São Julião da Barra, em Oeiras, os administrativos recorreram à internet pessoal e o mesmo acontece nas escolas de Cinfães, onde o director Manuel Pereira pediu a três colegas da direcção para usar a sua própria net: "Com a rede da escola não vamos a lado nenhum, por isso, os meus colegas estão a pagar do seu bolso para prestar um serviço ao Estado."

A dificuldade portanto não se resume à página da DGRHE, uma vez que não é possível navegar igualmente nos sites da Google, Sapo ou Hotmail, conta Paulo Vasconcelos, coordenador do Plano Tecnológico da Educação (PTE) no Agrupamento de Cinfães. O problema surge sobretudo nos sites que implicam uma senha de entrada. E isso só acontecerá porque os servidores da tutela não têm capacidade para suportar o grande afluxo de utilizadores. "É como se milhares de pessoas tentassem atravessar ao mesmo tempo uma porta estreita", explica José Nogueira, do Agrupamento Ibn Mucana. São as 1200 escolas a tentar cumprir os prazos do concurso para os professores contratados.

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