No meio deste frenesim de campanha eleitoral, no meio de toda a gritaria populista,dos comícios recheados de imigrantes a troco de sandes e das arruadas distribuidoras de papelinhos, é bom ler palavras de um filósofo com alma de Poeta, como é José Gil. No inquérito diário a personalidades portuguesas, o "Público" do passado dia 22 de Maio revela a opinião deste pensador, palavras que traduzem muito do que sinto também neste momento.
A Palavra a José Gil, portanto. (os destaques gráficos/de letra são meus)
A Pergunta era:
Que país espera depois das eleições de 5 de Junho?
"Porque me parece perigoso traçar a imagem de um Portugal ideal preconcebido segundo princípios ideológicos, políticos ou mesmo éticos, referir-me-ei a um país que possa inventar-se a si mesmo, imprevisível e livre.
A Palavra a José Gil, portanto. (os destaques gráficos/de letra são meus)
A Pergunta era:
Que país espera depois das eleições de 5 de Junho?
"Porque me parece perigoso traçar a imagem de um Portugal ideal preconcebido segundo princípios ideológicos, políticos ou mesmo éticos, referir-me-ei a um país que possa inventar-se a si mesmo, imprevisível e livre.
1. Um país capaz de criar mecanismos que desbloqueiem as energias dos portugueses, logo que elas sejam ameaçadas de paralisia ou destruição.
2. Um país em movimento, em que um dos traços mais característicos dos portugueses, a capacidade de se transformar, de devir outro, se volte para o jogo, a leveza e a criação e dissipe o nosso peso, a nossa falsa profundidade, a nossa tendência para o sombrio e o taciturno; para a gravidade factícia e também para a esperteza provinciana.
3. Um país intenso no que pensa e no que faz, na expressão dos afectos e na espontaneidade dos desejos.
4. Um país que goste de si porque as pessoas gostariam mais de gostar do que de desconfiar umas das outras. Que goste mais da alegria do que da tristeza. Que goste mais de admirar do que de invejar.
5. Um país de gente ávida de conhecer, de descobrir e de criar. Voltado para fora, mas sabendo recolher-se-ia em si.
6. Um país capaz da velocidade maior na imobilidade maior. E da maior concentração na mais rápida mutação.
7. Um país sem culpabilidades arrasadoras, sem complexos de inferioridade abissais, sem temores seculares interiorizados. Em que cada um possa trabalhar e gostar do seu trabalho.
8. Um país que nunca perca a virgindade das emoções, mesmo (ou sobretudo) na morte.
9. Um país capaz de se maravilhar por existir e pertencer à Terra.
10.Um país em que cada um dos seus habitantes viva nele todos os países do planeta."
José Gil, Filósofo
José Gil, Filósofo
Que este país desejado se realize em geral e também dentro de cada pessoa, é o voto que eu gostaria de juntar a estes...
"Alergia"
Sem comentários:
Enviar um comentário