sexta-feira, dezembro 24, 2010

Não há ponto/Acordo sem "nó"/negócio! :-(

E pronto, para rematar a "trilogia" de posts que se iniciou AQUI --e onde uma suspeita nos fazia cócegas ao cérebro -- e que continuou AQUI, onde anunciava, ainda sem explicitar, a confirmação da dita suspeita, vou hoje falar do tal negócio que sempre veio à luz do dia e relativo ao polémico Acordo Ortográfico. Um que certamente não levantara suspeitas até agora, para além dos possíveis negócios a nível editorial ou de influência/predominância cultural de uns países de Língua Oficial Portuguesa sobre os outros.
Fazendo o ponto da situação: este Acordo agora oficializado não interessa ou agrada à maioria dos portugueses e é posto em causa por muitos especialistas (linguístas, tradutores, professores,editores, escritores ou jornalistas) que quase não foram escutados perante um outro pequeno grupo que atamancou o novo Acordo (A.O.), apesar de serem aqueles os que de forma directa terão de lidar diariamente com o problema. Nem no Parlamento foram escutados, nem foi alvo de atenção pelo mesmo parlamento uma Iniciativa Legislativa de Cidadãos, corajosamente liderada pelo nosso amigo João Pedro Graça.
No Brasil também há inúmeras vozes contra o Acordo, sendo que o AO por vezes nem é carne nem peixe, não respeitando grafias já comuns aos dois países, criando autênticos neologismos ortográficos. Alguns países dos PALOP ainda não assinaram o acordo, sendo críticos ao mesmo.
A quem interessa então a ditatorial legislação e universalização do AO? Aqui cheira a negócio extra-linguístico, diremos logo.
Ora bem, finalmente, na semana passada, lá veio a lume, fruto do ferver de alguma polémica (zangam-se as comadres...) que assim permitiu ao país perceber que mais parcerias público-privadas ou quejandas existiriam por detrás de toda esta aceleração.
Assim, dia 16 de Dezembro último, no Público, surgia a notícia (os sublinhados são meus):
"AR aprova conversor Lince e empresa refuta erros"
O Parlamento vai aplicar o novo Acordo Ortográfico a 1 de Janeiro de 2012, adoptando o Vocabulário Ortográfico do Português (VOP) do ILTEC- Instituto de Linguística Teórica e Computacional e, como suporte informático, irá utilizar o conversor Lince, na sequência da aprovação por unanimidade, ontem, de uma proposta de Jaime Gama. O Governo também já os tinha escolhido na passada semana.
A qualidade do conversor Lince e do vocabulário foi criticada pela empresa concorrente Priberam, que aponta erros ortográficos tanto na conversão da actual para a nova grafia como no VOP do ILTEC. O administrador Carlos Amaral questiona mesmo quem e como avaliou o Lince e a razão para o Governo decidir adoptar oficialmente um programa informático em detrimento de outros, também gratuitos, já existentes no mercado. (...)" (por Maria Lopes) Ler toda a notícia AQUI (Se for assinante da nova versão online,pois..........:-(( )
Portanto: sempre havia um daqueles acordos de café e de atrás da orelha em que os actuais sinistros governantes se tornaram especialistas. E a coisa metia informática ! pois claro! Como não adivinharamos já?! E não se sabia ao certo quem avaliara o quê e, como refuta o ILTEC, ainda está tudo a ser aperfeiçoado e tal... Onde já vimos isto antes?
Ou seja, mais um caso de Lobbies, mas do pitoresco lobby à portuguesa! Grupos de pressão organizados também os há noutros países e cada vez influenciam mais as decisões políticas, mas o lobby à portuguesinha consiste num amigo do amigo ou amigalhaço que é apresentado a um qualquer sub-sub-governante ou aos do topo, num bar ao fim da tarde, numa almoçarada, num cocktail, entre dois rissóis, e basta uns elogios à elegante fatiota, ao poder ou à eventual esperteza saloia, uma referência a palavras como "informática" "computador" ou , melhor, a "tecnologia" e " MODERNIDADE", para se conseguir impingir qualquer coisa sem verificar de toda a sua qualidade, das possíveis alternativas, ou sequer da relação qualidade preço ou real interesse para a nação.Um pouco ao estilo como os vígaros de rua conseguem enganar em três penadas os ingénuos velhinhos ou os ignorantes lapónios chegados à cidade grande, levando-lhes as economias em troco de um relógio avariado ou de uma mala cheia de jóias de fantasia!
Não estamos para já a duvidar das eventuais qualidades do tal "Lince", mas...
Lembram-se do negócio exclusivo com a JP Sá Couto com os famosos computadores Magalhães comprados em barda para as escolas de Primeiro Ciclo?
E lembram-se de negócios com submarinos, fragatas, aviões e helicópteros avariados, tecnologias da energia das ondas (agora monos arrumados a um canto)?
E do programa e-escolas com computadores para estudantes a preços módicos mas com contratos de internet obrigatórios com as operadoras móveis amiguinhas?
E do Programa informático Citius, obrigatório nos tribunais e que tantos magistrados recusam agora usar, por duvidarem da segurança do mesmo, segurança essa não testada por entidade independente mas pelos ... próprios fornecedores?!
E, mais recentemente, o negócio já estabelecido com nova empresa amiga para a criação de chips para os automóveis, a usar nas futuras ex-Scuts e a tentar torpedear a já existente e conceituada empresa Via Verde (que acabou por terminar a rir-se, pois viu esse feitiço a virar-se contra o feiticeiro e acabou por aumentar o seu negócio, visto que as pessoas, revoltadas, optaram por comprar a VV, que agora era mais abrangente),: lembram-se, claro? Toda a pressão para que as scuts tivessem portagens partia afinal de promessas já feitas nesses "acordos" de vão de escada...
E o TGV? Estão a ver a imagem total agora, pois estão?
Pois agora (ontem mais exactamente) veio o Direito a Resposta do ILTEC, liderado pelo prestigiado, não negamos, José Pedro Ferreira. Diz, por exemplo:
"(...) o ILTEC não é uma empresa, é uma associação sem fins lucrativos e unidades de I&D da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. O Lince não é resultado de subcontratação mas de parceria. O ILTEC foi responsável pela definição das características, dados linguísticos, especificações das regras e lógica da conversão do Lince. A KnowlwdgeWorks assegurou a tradução no desenvolvimento do sistema do interface (... blá blá....) Não há programas gratuitos concorrentes d Lince. (...) ". Ver tudo AQUI.
Ok! Agora passaram a existir almoços grátis e todos trabalham e oferecem serviços apenas por amor ao país e tal e tal...
Então e a KnowledgeWorks vive de ar e vento? Não venham dizer que isto também não implica um negócio. E hoje estamos mais que alertados para aquilo em que se tornou o vocábulo "parcerias".
Por isso, se os computadores nacionais começarem a debitar estranhas ortografias e erros vários a esse nível, não esqueçam, contemplem o Lince mas não culpem ninguém e esqueçam quem o negociou, pois este será talvez o único lince que tão cedo não se extinguirá em Portugal.
Alergia (24-12-2010)

1 comentário:

Anónimo disse...

Utilizo o lince diariamente. As outras ferramentas supostamente gratuitas, são incompletas e limitadas. Para adquirir um conversor com quase as mesmas capacidades do Lince, tem de ser sob pagamento (o da Priberam, por exemplo, é 60 euros). Sublinho que, no entanto, no mercado não há nenhum conversor compatível com o lince, as suas capacidades de conversão ainda não foram equiparadas. Compare e experimente o Flip da priberam e o Lince, e veja por si...
Finalmente o governo financiou um projeto gratuito e tornou-o oficial contra todas as empresas privadas, mas quando o faz, o português critíca.
Eu testei os erros que o senhor Amaral aponta, e não encontrei nenhum.... Deve estar tão preocupado com a diminuição das vendas dos seus produtos que até erros inventa.

Raquel Monteiro