Assistiu-se ontem, segunda-feira, a mais uma lamentável exibição de contra-informação que foi o “Prós e Contras” alegadamente referente à situação actual dos jovens.
Desde logo, por ser um pseudo-debate para cujos intervenientes principais se convidou uma esmagadora maioria de “especialistas” de apenas um dos “lados”, ou seja, defensores do ideário neo-liberal.
Por tal razão, foi possível que não se ouvisse ali uma única voz crítica das teorias que são afinal as responsáveis pela situação dramática com que os jovens se vêem agora confrontados.
A razão disto é que, nas vésperas da realização da manifestação do próximo dia 12 de Março e já não sendo possível ignorar a sua dimensão e importância, se tratou, muito claramente, de procurar “esvaziar o balão” e desviá-lo a todo o transe dos seus objectivos – e é para isso que serve a televisão pública!...
Assim, sem que existisse uma única posição consequente que as desmontasse devidamente, lá vieram teorias como a de que “temos um mercado e uma legislação laboral demasiado rígidas e é por isso que há precariedade”, ou a de que “a grande contradição é entre aqueles que têm demasiados direitos e os que não têm direitos nenhuns e só podem adquirir alguns se os outros os perderem”, ou enfim a de que “quem agora entrar para o mercado de trabalho tem de aceitar ter “mobilidade” ou de ser “flexível”, tem de aceitar trabalhar em condições degradadas (porque mais vale ter um emprego precário do que não ter nenhum…) ou então tem de emigrar”, etc., etc., etc.!
Do mesmo passo que desesperadamente se procurou negar – eles lá sabem o porquê… - qualquer paralelismo com o papel de primeira linha da juventude nas lutas populares no Egipto e noutros países do Magrebe!
Mas afinal, e não obstante todas estas campanhas de contra-informação e de manipulação ideológica, a questão essencial permanece inalterada. E essa é que o modelo político e económico seguido pelo PS e pelo PSD nos últimos 35 anos consistiu, por um lado, em admitir e executar o papel de semi-colónia que a União Europeia, ou seja, os grandes interesses económico-financeiros em particular da Alemanha, lhe pretendem fixar, aceitando submissamente perder a nossa autonomia e independência e destruir o essencial da nossa capacidade produtiva na indústria, nos campos, nos mares e nas minas. E, por outro lado, na aposta taylorista em estratégias de competitividade assentes no trabalho intensivo, pouco qualificado, precário e mal pago (de que precisamente os contratos a prazo, os “recibos verdes” fraudulentos e os estágios não remunerados são instrumentos privilegiados).
Sem romper com este modelo, não será possível aos trabalhadores construírem um futuro mais justo e promissor.
Ora é essa ruptura – cada vez mais necessária e urgente e a que os jovens mostram aspirar de forma cada vez mais assumida – que estas manobras de manipulação afinal, procuram desesperadamente evitar.
Em vão, porém, porquanto a roda da História, muito em particular pela mão dos jovens, não anda para trás!...
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