«Com a definição dos padrões de desempenho docente pretende-se contribuir para orientar a acção dos docentes, estimular a auto-reflexão, articular a avaliação do seu desempenho e catalisar um debate construtivo e enriquecedor sobre a profissão docente.» (ME)
Padrões de desempenho...se cada professor tinha o seu modo próprio de ensinar (ou não) isso agora deixou de interessar. O ME é quem estabelece os padrões e os professores limitam-se a desempenhar esses padrões como se fossem um mero guião. Assim nasceu o professor cumpridor... potencial candidato aos prémios de desempenho...
O ME, que é amiguinho dos professores em geral, quer apenas "contribuir para orientar a acção dos docentes" e estimular-lhes a auto-reflexão (oh, mas assim já não é AUTO-reflexão...!!!), não sendo desejáveis as avaliações de desempenho desarticuladas, já que o objectivo é catalisar (http://pt.wikipedia.org/wiki/Catalisador) um "debate enriquecedor sobre a profissão docente".
Aceitamos o desafio! Mesmo não sendo professores, mas ainda assim enquanto pais, somos (também) educadores e trabalhadores (ou meros desempregados), vamos então a esse debate enriquecedor tão desejado...
O que aqui está em causa, não são os meros formalismos burocrático-profissionais em que querem espartilhar a honrada profissão de quem é suposto transmitir cultura e conhecimento, embora isso bastasse para a revolta de quem ainda tem um pingo de ética.
Mas o que está aqui em causa é muito mais grave e diz respeito a todos nós professores e não professores. É o futuro dos nossos filhos que está a ser posto em causa. E não só através da destruição da escola pública, enquanto serviço público, equitativo e gratuito para formar cidadãos livres. Também pela destruição de uma ou mais gerações destinadas à precariedade e ao desemprego ou à subsídio-dependência. Mão de obra barata e inculta... carne para canhão... o sonho de poderem vir a ser alguém se puderem dar o salto... nem que seja para o Afeganistão... ou para a Grécia. Tantos anos perdidos a estudar, depois na faculdade já com os juros do empréstimo a acumular... e a licenciatura de Bolonha que não serve para nada e mais um empréstimo para o Mestrado para ser realmente licenciado... eles que vão pagar a crise da nossa crise...
Não, tudo menos ir dar aulas... já não basta o barulho das crianças e a genica que é preciso ter numa sala com 30 alunos com as hormonas destrambelhadas. ainda mais toda a carga burocrática que impede os professores de aperfeiçoarem e desenvolverem o seu trabalho?Investigação? Cá não há... só call centers. Só lá fora... para os que podem. E cada vez as famílias menos podem. Emprego? Não há, para licenciados é ainda mais difícil... ou vão dar aulas ou ficam desempregados de longa duração. Para o Estado é bom, já nem recebem subsídios... a não ser que queiram pertencer a qualquer coisa que os favoreça...
Tudo isto a que assistimos, estes cortes já estavam previstos voltaram em força com os ecos ensurdecedores da crise... mas a crise, na prática, só chega aos serviços públicos e aos bolsos das pessoas. A escola pública já enfraquecida vai enfrentar os cortes dos PECs sucessivos. No início do ano lectivo pais fechavam escolas por não terem segurança, por não terem pessoal auxiliar... e ainda se vão sentir muito mais as consequências. A nova fornada de professores que já não vai ter concurso para o ano vai sentir... as pessoas vão sentir em cada aumento, em cada perda de benefícios. Todos vão sofrer e haverá em Portugal ainda mais crianças com fome do que as que já há.
Mas os pais nunca se uniram aos professores quando estes alertaram para os ataques a que estavam a ser submetidas a escola pública e a sua profissão. E veio a ministra sorridente com ares de tia e só poucos viram nela mais uma sinistra ministra.
E os professores nunca passaram do portão da escola para a rua para dizerem àquelas famílias cada vez mais precárias e desestruturadas o que lhes ia acontecer ao futuro dos filhos.
Por isso ainda nada foi possível porque às vezes as coisas têm que bater tão no fundo para as consciências acordarem.
Padrões de desempenho...se cada professor tinha o seu modo próprio de ensinar (ou não) isso agora deixou de interessar. O ME é quem estabelece os padrões e os professores limitam-se a desempenhar esses padrões como se fossem um mero guião. Assim nasceu o professor cumpridor... potencial candidato aos prémios de desempenho...
O ME, que é amiguinho dos professores em geral, quer apenas "contribuir para orientar a acção dos docentes" e estimular-lhes a auto-reflexão (oh, mas assim já não é AUTO-reflexão...!!!), não sendo desejáveis as avaliações de desempenho desarticuladas, já que o objectivo é catalisar (http://pt.wikipedia.org/wiki/Catalisador) um "debate enriquecedor sobre a profissão docente".
Aceitamos o desafio! Mesmo não sendo professores, mas ainda assim enquanto pais, somos (também) educadores e trabalhadores (ou meros desempregados), vamos então a esse debate enriquecedor tão desejado...
O que aqui está em causa, não são os meros formalismos burocrático-profissionais em que querem espartilhar a honrada profissão de quem é suposto transmitir cultura e conhecimento, embora isso bastasse para a revolta de quem ainda tem um pingo de ética.
Mas o que está aqui em causa é muito mais grave e diz respeito a todos nós professores e não professores. É o futuro dos nossos filhos que está a ser posto em causa. E não só através da destruição da escola pública, enquanto serviço público, equitativo e gratuito para formar cidadãos livres. Também pela destruição de uma ou mais gerações destinadas à precariedade e ao desemprego ou à subsídio-dependência. Mão de obra barata e inculta... carne para canhão... o sonho de poderem vir a ser alguém se puderem dar o salto... nem que seja para o Afeganistão... ou para a Grécia. Tantos anos perdidos a estudar, depois na faculdade já com os juros do empréstimo a acumular... e a licenciatura de Bolonha que não serve para nada e mais um empréstimo para o Mestrado para ser realmente licenciado... eles que vão pagar a crise da nossa crise...
Não, tudo menos ir dar aulas... já não basta o barulho das crianças e a genica que é preciso ter numa sala com 30 alunos com as hormonas destrambelhadas. ainda mais toda a carga burocrática que impede os professores de aperfeiçoarem e desenvolverem o seu trabalho?Investigação? Cá não há... só call centers. Só lá fora... para os que podem. E cada vez as famílias menos podem. Emprego? Não há, para licenciados é ainda mais difícil... ou vão dar aulas ou ficam desempregados de longa duração. Para o Estado é bom, já nem recebem subsídios... a não ser que queiram pertencer a qualquer coisa que os favoreça...
Tudo isto a que assistimos, estes cortes já estavam previstos voltaram em força com os ecos ensurdecedores da crise... mas a crise, na prática, só chega aos serviços públicos e aos bolsos das pessoas. A escola pública já enfraquecida vai enfrentar os cortes dos PECs sucessivos. No início do ano lectivo pais fechavam escolas por não terem segurança, por não terem pessoal auxiliar... e ainda se vão sentir muito mais as consequências. A nova fornada de professores que já não vai ter concurso para o ano vai sentir... as pessoas vão sentir em cada aumento, em cada perda de benefícios. Todos vão sofrer e haverá em Portugal ainda mais crianças com fome do que as que já há.
Mas os pais nunca se uniram aos professores quando estes alertaram para os ataques a que estavam a ser submetidas a escola pública e a sua profissão. E veio a ministra sorridente com ares de tia e só poucos viram nela mais uma sinistra ministra.
E os professores nunca passaram do portão da escola para a rua para dizerem àquelas famílias cada vez mais precárias e desestruturadas o que lhes ia acontecer ao futuro dos filhos.
Por isso ainda nada foi possível porque às vezes as coisas têm que bater tão no fundo para as consciências acordarem.
2 comentários:
Plena razão , Kaótica!
Ainda há algum tempo para que as pessoas acordem. Mas provavelmente só acontecerá quando fizerem mesmo um galo na testa, de caírem no duro chão.:(
Um abraço! :)
Os últimos dois parágrafos são uma excelente coroa para um óptimo texto.
João P.
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