25 de Abril nem sempre é ensinado nas aulas de História
O 25 de Abril é um acontecimento chave na história de Portugal mas nas escolas nem sempre há tempo para falar sobre a Revolução dos Cravos na sala de aula. A conclusão é de uma análise feita aos manuais escolares do 9º ano.
Clara Serrano, investigadora do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade Coimbra, disse ao SAPO que nem sempre há tempo para leccionar a parte final do Estado Novo e a Revolução dos Cravos de 1974.
“O estudo da fase final do Estado Novo, da Primavera Marcelista e até mesmo depois do 25 de Abril muitas vezes não é cumprido pelos professores”, refere a investigadora que também é professora de história.
O principal problema é que os programas do 9º ano de escolaridade são “muito vastos” e os professores nem sempre têm tempo para chegar a esta parte na matéria. Clara Serrano acredita, contudo, que “não existe nenhum professor de história que não fale do 25 de Abril nas suas aulas”.
Estado Novo: fascista ou autoritário?
Outra conclusão retirada do estudo "O Estado Novo. (Re)visitando os Manuais de História Portugueses" é a imagem do regime como sendo “autoritário” e não “fascista”. “O Estado Novo surge na sequência dos regimes autoritários, do fascismo italiano, do nazismo e do franquismo”, nota a investigadora.
“Os manuais reflectem um pouco a opinião da historiografia portuguesa em relação ao Estado Novo”. “A ideia de que o Estado Novo não é um regime fascista, uma ideia defendida nos anos 70”, explica Clara Serrano.
Esta ideia “não é consensual”. “Para os professores torna-se muito difícil explicar aos alunos que o Estado Novo não é um regime fascista porque ele surge na sequência destes regimes e tem muitas semelhanças com eles”, conclui a professora.
Reformulação dos programas
Uma das soluções para estas questões seria uma “reformulação dos programas de História”.
“Os programas têm de ser repensados forçosamente para que se tornem menos extensos, para que possam ser cumpridos e para que os alunos possam realmente abordar questões essenciais como o 25 de Abril”, conclui a investigadora.
Fonte: Notícias Sapo
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