sexta-feira, fevereiro 18, 2011

O Dia da Ira





Imagem do Kaos


Fazia parte das minhas pequenas fantasias ver o Sr. Aníbal, de Boliqueime, atascado na merda que fez em Portugal, desde 1985, mas, desta vez, a fazer de Grande Timoneiro num país sem capitais.
Começou por nos atraiçoar, depois de termos sido espremidos pelo FMI de Soares, e deve, por critérios de justiça, penar agora, às mãos desse mesmo FMI.
Quero ver o tal Cavaco, que nos arruinou com tsunamis de dinheiro, a tirar-nos do buraco da penúria, sem um cêntimo no bolso.
É a minha "revanche" contra essa figura irrelevante do panorama mundial, que durante décadas no vexou no exterior.

Eu sei que isto nos vai custar a todos, mas é um pouco a vingança do ceguinho. A Europa, a mesma, da qual ele desviou, e permitiu que fossem desviados, os fundos fundamentais, para que Portugal tivesse dado o salto da sua pequena mundividência de Santa Comba Dão para coisas mais elevadas, como Milão, Londres ou Paris.
Sei que há um tempo para a ingenuidade, e outro para a verdade.
No tempo da ingenuidade, havia quem acreditasse que o Sr. Aníbal raramente tinha dúvidas e nunca se enganava. Eu era dos poucos que não tinha dúvidas nenhumas, e sabia que, mais tarde ou mais cedo, haveria uma multidão que iria ver o preço de estar a ser completamente enganada. Aparentemente, esse dia está próximo, como indicam os sites de apostas, onde diariamente se especula sobre o que virá primeiro: o encarceramento de João Paulo II, em Rikers Island, a canonização de Renato Seabra, ou a Bancarrota.
Por mim, virão as três em conjunto, mas isto é só uma opinião.

O Governo, previdente, na reta final de mais de vinte anos de Cavaquistão, do qual herdou todos os vícios e manhas da segunda geração, está em agonia, o que quer dizer que se encontra relativamente de boa saúde, quando comparado com o país, que já está morto.
Há uns sectores do comentarismo hilariante, como o eterno Professor Marcelo, que acredita, qual Maria Cavaca, que, com a exportação de presépios, vamos ter retoma ainda em Março, logo que a Múmia de Boliqueime, dada a Constituição que temos, tome posse do par de sapatos de cimento com que logo a seguir vai ser empurrada para o Tejo.

Defronte do Palácio, parece, já está a ser convocada uma manifestação, por sms, para repetir a cena da Praça Tahrir, em que o grunho ainda haverá de estar a perdigotar "juro, por minha honra...", etc, no meio dos babas do costume, e, já cá fora, os 11% de desempregados, os 30% que vivem abaixo do limiar da pobreza, os hemofilizados com HIV, os diplomados sem utilidade, os reciboesverdeados, os funcionários públicos que estão a pagar o BPN, o BPP, os submarinos, os assessores de levar na peida do cartão do Partido, os endividados e os sobreendividados, os que já não têm pão para os filhos, os que odeiam a simples ideia de ter Aníbal de Deus Thomaz em Belém, e enquanto o grunho diz "juro, por minha honra... etc", toda a gente tirará o sapato, e começará a mostrar-lho, e a ulular, para o outro se borrar pelas pernas abaixo, mais o traste da sua Maria, que sofre de elefantíase da cintura para baixo e de microcefalia da corcunda para cima.

Desta vez, não teremos Dias Loureiro para mandar disparar sobre a multidão, mas talvez a multidão decida disparar sobre Dias Loureiro.

Eu não quero este Portugal, e não sou o único.
É chegado o dia da ira, e eu não sou daqueles que gostam de profetizar a desgraça: prefiro que a desgraça recaia agora sobre a cabeça dos que nos desgraçaram, e que, em vez de pessimismo, lhes suceda toda a multidão de coisas péssimas que nos possam desagravar.

Mal cá entre o FMI, vai perguntar o que é isso do BPN, que está completamente falido, e consome um milhão de euros de prejuízo por minuto, e quem está, esteve e estaria ligado a ele; quanto ganham os cabrões que administram empresas sistematicamente ruinosas, e que abismo justifica os lucros de monopólios de escravidão, numa sociedade pretendida de concorrência e mercado.

Parece que a coisa é já para Abril, mas é indiferente Abril, Setembro, Outubro ou Novembro: o importante é que regressem os pavões à base, e o Sr. Constâncio e o Sr. Barroso, por exemplo, sejam julgados em praça pública, e interrogados sobre como foi possível deixar o Estado chegar ao momento de ruína em que se encontra. Se estivéssemos em 1793, não chegariam as guilhotinas para essa corja toda, mas as guilhotinas são hoje outras, e a coisa vai acabar mal: somos demasiado magrebinos, pela miséria, e temos antecedentes históricos, lusitanos, de balear gente que não presta. Não por acaso, as operações de brigadas stop multiplicam-se, mas aquilo que elas procuram, garanto-vos, já está suficientemente resguardado para impedir o que aí vem, e vem forte, como os ventos deste Inverno.

Como se costuma dizer, cá se fazem, cá se pagam. Não tirámos lição nenhuma do apodrecimento da Monarquia, nada aprendemos com o fedor da I República, nem com as conversas em família do período de Alzheimer da Velha Senhora.
A III República vai apanhar com uma lição doutoral: o seu professor será gigante, e dará aulas em ruas repletas de gente insurreta.

(Cinco quinas, a relembrar Portugal renascido, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino", no "Uma Aventura Sinistra" e em "The Braganza Mothers" )

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