Sei que o blogue do Paulo é lido por milhares de pessoas diariamente mas ... este texto, eu quero tê-lo aqui nesta casita. E não dá para comentar mais.
Estranhamente – ou nem por isso – não são os disparates, omissões, redundâncias, abusos ou atrasos nas medidas do Ministério da Educação (ou do Governo, em geral). Já estou habituado a este estranho modo de vida que quase se nos cola à pele.
Também deixaram de ser os automatismos pavlovianos da luta profissional, do debitar das cartilhas requentadas, aprendidas outrora e das quais não se querem desapegar. Também por aqui temos território conhecido, já nem desanima, apenas entristece ver os bloqueios.
Nem sequer algumas injustiças de proximidade que sempre surgem, dolorosas, quando esperamos ter uma zona de conforto que afinal somos mesmo só nos, deixados ao relento.
O que mais desanima é mesmo olhar, certos dias, certas horas, certos momentos, e ver que pouco mudou nas pessoas e muito do que mudou apenas fez ressaltar em grande número as posturas mais defensivas e medrosas que guardavam dentro de si. Continua a predominar a dependência do outro para se informar, continua o medo de agir por convicção, vence a pequena mesquinhez do interesse momentâneo, a inveja perante a oportunidade alheia, o acomodamento ao que está porque pode vir ainda pior. O cataventismo em que se critica hoje o que ontem se defendia.
Se é verdade que uma minoria mudou, não é menos verdade que parte dela pagou caro, muito caro, a ousadia. Em diversos registos. Muitos deram o que tinham em si e o que inventaram para além disso, em busca de alterar algo, para escasso resultado conseguido.
O remanso pantanoso reinstala-se. A coragem só se levanta na conversa ocasional ou na perspectiva de se dissimular na onda geral.
Isto está de novo quase na mesma e podia ter sido diferente. Quase que tudo precisa de um reinício, sendo que aqueles que o já tentaram fazer se olham ao espelho desiludidos e pior ainda quando olham em redor.
Se ninguém faz, alguém deveria fazer. Se alguém faz, não faz bem, ou é porque tem uma agenda oculta, de interesses particulares, quer erguer-se acima dos outros, porventura à custa deles, para algo mais.
O teu lugar não é aqui, dizem.
Mas se for algures, é porque se provam os interesses.
Enquanto isso, o rebanho voltou a distribuir-se pelos redis habituais, prestando-se à apatia ou à acção automática.
Alguns tresmalham. Insistem. Estúpidos. Deviam acinzentar-se de novo. Para que todos se sentissem melhor.
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